O governador Eduardo Campos (PSB) inseriu uma nova peça no tabuleiro político para reforçar seu voo nacional nos próximos anos. Como bom estrategista e ingressando numa esfera mais ampla, tendo como foco a eleição de 2014, o socialista criou no segundo mandato a Secretaria de Governo. Escolheu o deputado federal Maurício Rands (PT) para atuar como articulador administrativo, ou melhor, uma espécie de ´embaixador` para seu projeto nacional.
Há dois projetos que o socialista pode investir. Dependendo de quem seja o candidato à Presidência da República em 2014, não está descartada sua participação como candidato a vice ou até mesmo na liderança de uma chapa. Outro caminho é focar seus esforços no plano estadual para a campanha de senador ou deputado federal.
Para acelerar seus projetos políticos, Eduardo precisava de alguém que o ajudasse no trabalho de interlocução junto ao governo federal, fizesse a interface com o meio empresarial, os bancos e organismos multilaterais. Osocialista escolheu Rands. Paralelamente a essas tarefas, o petista terá como missão quebrar a resistência do PT, em especial da cúpula de São Paulo, que anda desconfiada com o crescimento dos socialistas no cenário nacional. ´A pasta foi criada para ele desempenhar o papel de Relações Institucionais como existe na Presidência da República. Pela experiência que Maurício tem no Congresso e a relação construída em Brasília, ele funcionará como um interlocutor do governo`, disse um integrante do Palácio das Princesas, em reserva.
Rands tem a seu favor o fato de não ser vinculado a nenhuma corrente mais radical do PT. É integrante da tendência majoritária, a Construindo o Novo Brasil, da qual fazem parte o ex-presidente Lula, o senador Humberto Costa, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercante, o poderoso ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, e o deputado federal Ricardo Berzoini.
Além de ser um político ´leve`, é benquisto e tem trânsito livre na alta cúpula do PT. Conhece a fundo órgãos do governo, agências de financiamento e sabe como poucos os caminhos para destravar a burocracia e facilitar o acesso a recursos e a execução do que foi aprovado pelo governo de Pernambuco na capital federal.
Para os que questionam a razão de Rands ter trocado um mandato de deputado federal bem-sucedido para virar secretário de governo, subordinado a Eduardo, uma das respostas está no fato de participar de uma administração com 83% de aprovação. Dependendo de sua performance estará credenciado para planos majoritários no futuro. ´Se tornou uma boa grife, um cartão de apresentação dizer que faz parte de uma gestão aprovada pela maioria dos pernambucanos como a de Eduardo Campos`, disse um socialista em reserva.
Na avaliação desse socialista, a pasta de governo representa um ganho mais conceitual do que real. ´Tendo em vista que a atribuição de Maurício é de articulação política e não uma ação direta com a sociedade`, comentou.
Por Cláudia Eloi - Diário de Pernambuco
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