sexta-feira, 9 de abril de 2010

SOB UMA DEMOCRACIA DE PARTIDO ÚNICO




Coluna da Folha de Pernambuco da sexta-feira, 09/04/10
Se Roberto Magalhães já era um político sincero e franco, tornou-se mais transparente ainda depois que tomou a decisão de encerrar sua vida pública quando concluir o atual mandato. Ele diz exatamente aquilo que pensa e não mede as conseqüências de suas palavras, que tanto podem desagradar à base governista como também à da oposição. Ele já era assim no governo de FHC, do qual era aliado, quando, junto com Miguel Arraes, posicionou-se contrariamente à privatização da Chesf.
Agora, no ocaso de sua vida pública, ele está defendendo uma tese interessante em relação à qual a grande mídia não tem dado maiores atenções: a de que a democracia representativa em nosso país está em processo de extinção para dar lugar ao surgimento da “democracia de partido único”. Ou seja, o único e verdadeiro partido político existente hoje no Brasil não é o PT como muitos pensam e sim é o “partido do poder”, onipresente nas três esferas de governo: federal, estadual e municipal. Na Câmara Federal, exemplificou, o presidente Lula é apoiado hoje por cerca de 400 dos 513 deputados, o que impede a oposição, até mesmo, de reunir 1/3 das assinaturas para propor CPIs. Nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais o quadro é o mesmo, pois geralmente os governadores e prefeitos têm ampla maioria nas casas legislativas, seja conquistada pelo voto, o que dispensaria qualquer tipo de censura, seja pela cooptação dos adversários, que é a regra geral hoje no país inteiro.

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