domingo, 4 de julho de 2010

Recife, o fiel da balança


A corrida eleitoral pelo governo do estado, que mostra o governador Eduardo Campos (PSB) como favorito, pode reservar uma surpresa: o Recife, cidade que deu dois mandatos de prefeito ao senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) e onde a oposição estadual vai apostar suas melhores fichas para virar o jogo. Ainda não existe uma agenda oficial para o candidato percorrer as ruas da capital, mas a força de Jarbas nos bairros de população menos favorecida pode ser o trunfo numa disputa que, até agora, parece fácil para o governador. E isso deve fazer diferença na estratégia da campanha peemedebista. As forças que hoje apoiam a volta do senador ao Palácio das Princesas foram derrotadas nas últimas três eleições municipais (2000-2004-2008).

Eleitores das regiões menos favorecidas podem virar o jogo a favor do senador .
Mas os oposicionistas lembram que, em 2006, Eduardo perdeu no primeiro turno no Recife e só ganhou no segundo por conta do apoio do PT, lembrança ratificada por João da Costa (PT): "Ele (Jarbas) tem grande apoio no Recife, construiu relação com parte expressiva da sociedade e não desconhecemos isso".

Quatro anos se passaram e a disputa estadual vai mostrar o que mudou e a favor de quem. Até o início de junho, contudo, antes das chuvas e das convenções estaduais, o Recife era o único lugar do estado onde Jarbas despontava com percentuais próximos ao do governador (42% contra 48%), segundo pesquisa da Exatta. O quadro pode até permanecer, porém sem nada definitivo.

Os próximos dias vão mostrar como anda o ânimo do recifense, 18% do eleitorado estadual e é capaz de influenciar as demais cidades da Região Metropolitana do Recife (RMR). Na convenção que confirmou sua candidatura, Jarbas antecipou a importância que dará à cidade. Prometeu percorrer até as regiões onde está em desvantagem (como a Mata Sul), porém fez questão de ressaltar e agradecer a presença maciça dos recifenses no evento, que vieram de vários bairros. Para o cientista político Adriano Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Recife pode ser o grande diferencial, o verdadeiro fiel da balança a favor de Jarbas, fruto da sua atuação na prefeitura por duas vezes, quando foi considerado como melhor prefeito do país. "Se Jarbas avançar 10 pontos percentuais no Recife, por exemplo, e o candidato do PV, Sérgio Xavier, chegar a 3%, já é suficiente para levar a eleição ao segundo turno", diz o cientista político, lembrando que os governistas "esquecem desse detalhe", algo importante na eleição.

Adriano não acredita que o apoio do prefeito do Recife, João da Costa, será decisivo. Segundo ele, o maior cabo eleitoral da capital ainda é o ex-prefeito João Paulo (PT) e o presidente Lula. "Me parece, contudo, que Jarbas não vai fazer uma campanha nacionalizada, a ponto de ser o anti-Lula. E, ao mesmo tempo, falou muito pouco de José Serra (PSDB) em sua convenção", acrescenta.

Embora Eduardo apareça bem em todas as regiões, segundo a pesquisa, inclusive na capital, integrantes da aliança jarbista acreditam que o governador continua mais forte no interior. De qualquer forma, mesmo tendo perdido as últimas eleições municipais, a oposição estadual apresentou quadros que podem ajudar Jarbas nessa empreitada, como Mendonça Filho (DEM), Raul Henry (PMDB) e Raul Jungmann (PPS). É verdade que todos perderam o teste das urnas na capital, mas eles acreditam que o PT, vencedor no Recife, não é mais o mesmo.

Por Aline Moura - Diario de Pernambuco

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