quarta-feira, 7 de julho de 2010

O voto casado


Não tem um só candidato ao Senado que não aposte no recall da campanha para, em caso de derrota, partir para outras disputas majoritárias com vantagem sobre os demais concorrentes. É fato que quem disputa o Senado ganha uma boa vitrine, torna-se mais conhecido, podendo ficar com um bom saldo político, mas isso não garante nada em termos de futuro. Em 2006, por exemplo, quando Jarbas Vasconcelos (PMDB) foi eleito senador com 2.031.261 votos, os dois candidatos ao Senado da chapa de Eduardo Campos (PSB) - Luciano Siqueira (PCdoB) e Jorge Gomes (PSB) - tiveram uma votação até razoável para quem entrou na disputa na cota do sacrifício, mas pouco serviu para outras majoritárias.

Luciano obteve 835.980 votos e dois anos depois foi preterido na eleição para prefeito do Recife, e teve que concorrer a um mandato para Câmara de Vereadores. Jorge Gomes teve 723.772 votos e depois quase sumiu. Após de uma rápida e frustrante passagem na equipe de Eduardo, Gomes foi despachado para Caruaru onde foi eleito vice-prefeito. Na eleição de 2002, quando aconteceu uma disputa acirradíssima para o Senado, em que saíram eleitos Marco Maciel (DEM) e Sérgio Guerra (PSDB), Dilson Peixoto (PT) teve uma votação expressiva para o Senado - 1.112.647 votos. Porém, em vez de crescer eleitoralmente, o petista foi minguando e sequer teve condições de disputar um mandato para deputado estadual este ano. O problema nas eleições para o Senado é que o voto é quase sempre casado, sobretudo quando se tem candidatos fortes ao governo, como é o caso de Eduardo Campos e Jarbas Vasconcelos. Sejam quais forem as votações de Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB), muitos dos votos que os dois obtiverem têm que ser creditados na conta do governador, assim como Marco Maciel (DEM) e Raul Jungmann (PPS), que devem usufruir também dos votos que forem dados a Jarbas.

A propósito, dos quatro principais candidatos ao Senado no estado, só Marco Maciel não deve utilizar esta disputa para outros voos. Os demais - Humberto, Armando e Jungmann - vitoriosos ouderrotados farão desta eleição um trampolim ou para a Prefeitura do Recife em 2008 ou para o governo do estado em 2014. Para quem levar o Senado, o recall vai pesar. Mas para quem for derrotado, é melhor não se iludir muito.

Por Marisa Gibson - Diário Político - 07/07/10

Nenhum comentário:

Postar um comentário

VISITAS

Contador de visitas
Powered by Zaza

Arquivo do blog