quarta-feira, 7 de julho de 2010

Campanha mais curta de Eduardo preocupa



Aliados defendem postura do governador, mas preocupam-se com demora para por o bloco na rua


A decisão do governador Eduardo Campos (PSB) de encurtar a campanha de rua afetou diretamente a eleição dos candidatos proporcionais. A postura do socialista alimenta o sentimento de que iniciar uma disputa sem a presença do puxador de votos não é um cenário confortável para qualquer coligação. Se, por um lado, a medida diminui os gastos da campanha, por outro, reduz o tempo de exposição de Eduardo. Além disso, deixa os aliados com um período mais curto para mostrar à população a parceria política com o maior cabo eleitoral da Frente Popular de Pernambuco, composta oficialmente por 15 partidos.

Quem concorda com a decisão do governador recorre aos números. A redução de gastos é citada, principalmente, por aqueles que dizem ter pouco dinheiro para gastar. "Campanha de 90 dias é bom para quem tem dinheiro para comprar voto. Eu não tenho. Por isso, faço campanha durante todo o mandato, no boca a boca e no corpo a corpo junto ao eleitor", destaca o deputado estadual Esmeraldo Santos (PR), que buscará a reeleição. Na avaliação dele, campanha longa só causa "estresse".

A preocupação do parlamentar não condiz, no entanto, com as cifras declaradas na última segunda-feira no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para bancar a eleição proporcional deste ano. A previsão dos mais de 500 concorrentes à Assembleia Legislativa é desembolsar R$ 757,5 milhões, o que representa mais da metade de todo o custo das campanhas.

Outros aliados de Eduardo afirmam que o governador acertou quando resolveu encurtar a campanha e se dedicar mais ao trabalho de reconstrução dos 67 municípios atingidos pela enchente. "Se estivesse no lugar dele, faria o mesmo", afirma o ex-prefeito do Recife João Paulo (PT), candidato a deputado federal. Segundo ele, durante este mês os proporcionais vão fazendo individualmente suas campanhas. O petista, no entanto, reconhece a importância da presença de Eduardo para os candidatos. "Mas a prioridade neste momento é atender aos desabrigados", frisa.

Defesa - O deputado federal Maurício Rands (PT) justifica a decisão do governador a partir de três aspectos, começando pela "comoção" vivida pelo estado em razão das chuvas. "É importante não tirar o foco da população atingida", destaca. "O segundo ponto é que ganhamos tempo para debater propostas e ideias com os vários segmentos da sociedade". O terceiro é a redução dos gastos.

Nos bastidores, as versões são mais adversas. "É ruim não contar com o majoritário na inauguração do comitê, por exemplo", queixou-se um candidato, em reserva. A falta de material de propaganda casada com os majoritários também está causando preocupação.

Para o cientista político Robson Cavalcanti, ex-coordenador do mestrado em política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a prática de encurtar a campanha é comum para alguns candidatos. "Causa menos desgaste. A estratégia não prejudica os proporcionais. A presença do majoritário na fase final é uma consolidação do processo", afirma.

Por Rosália Rangel - Diario de Pernambuco - 07/07/10

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