segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Os eleitos sem votos


A disputa ao Senado tem uma peculiaridade. Ao votar para esse cargo, o eleitor escolhe não um candidato, mas três. Em cada candidatura, seja governista ou de oposição, elegem-se dois suplentes. Pouca gente sabe, no entanto, quem são essas pessoas, cujos nomes são obrigados a constar na propaganda oficial dos titulares. Diga-se, porém, que em letras miúdas e que só os eleitores atentos conseguem ver ou os teimosos insistem em ler. Nos guias eleitorais, nem se fala. Há duas semanas, os titulares aparecem na televisão e no rádio. Você já viu algum suplente aparecer ao lado de Marco Maciel (DEM), Humberto Costa (PT), Armando Monteiro Neto (PTB) ou de Raul Jungmann (PPS)?

Os suplentes não aparecem, mas podem assumir o cargo no Senado, caso o titular renuncie ou deixe o cargo por qualquer outro motivo, a qualquer momento. Dos senadores em exercício, 17 foram eleitos como suplentes. O número representa 21% das 81 cadeiras disponíveis. Alguns desses suplentes eram desconhecidos da maioria da eleitores dos seus próprios estados. Por aqui, os principais concorrentes ao Senado mesclaram as suplências com políticos conhecidos e outros de dimensão eleitoral limitada a determinados segmentos sociais ou regionais.

É o exemplo de Humberto Costa. O primeiro suplente do petista é o ex-governador Joaquim Francisco (PSB), mas a segunda suplência foi reservada para Maria de Pompéia (PT), com trânsito limitado ao partido. Comenta-se, nos bastidores, que a composição teria sido uma maneira de agradar ao governo, preocupado em atrair forças da centro-direita, e acalmar a esquerda petista. Nos bastidores, esse segmento do PT reclamou da escolha de Joaquim de Francisco, ex-DEM. Maria de Pompéia integra o grupo de Fernando Ferro, líder do PT da Câmara Federal. A estratégia do governo é revelada, de certa forma, no discurso de Joaquim. "Tenho articulado correligionários e participado de boa parte das atividades da chapa majoritária. E costumo aparecer em lugares que Humberto não pode ir", afirmou osocialista.

Do ponto de vista eleitoral, Raul Jungmann (PPS) tem o primeiro suplente com nome menos conhecidos do que os primeiros de Humberto e de Marco Maciel . Embora tenha ocupado bem o espaço na oposição ao prefeito do Recife, João da Costa (PT), a primeira suplente do pós-socialista, Aline Mariano (PSDB), é pouco conhecida no estado se comparada sua trajetória com as dos primeiros suplentes de Humberto e Maciel. O primeiro suplente do democrata é Gustavo Krause (DEM), que, a exemplo de Joaquim Francisco, foi governador e ministro de estado. Em 2002, Krause também foi escolhido para a primeira suplência de Maciel ao lado do ex-deputado Marcus Cunha, que disputa a reeleição de segundo suplente.

Por Jailson da Paz -Diário de Pernambuco - 29/08/10

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