segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Guerra pelo Parlamento


Brasília - Enquanto PT e PMDB procuram parecer bem irmanados e coligados dentro da campanha pela Presidência da República, uma guerra pelo controle do Congresso ferve entre os dois partidos nos mais variados estados. Petistas e peemedebistas fazem contas e projeções tendo como objetivo final o controle da Câmara e do Senado. O PT calcula eleger de 100 a 110 deputados. O PMDB, mais modesto, calcula eleger, pelo menos, 90. No Senado, as projeções de ambos estão em empate técnico: PT e PMDB calculam ficar com uma bancada de, pelo menos, 16 e 17 senadores, respectivamente, o que dá o tom da disputa.

Essa percepção de uma guerra pelo controle do Senado ajudou a influenciar a decisão de muitos políticos desses dois partidos na hora de fechar as suas coligações. O deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), por exemplo, chegou a ensaiar uma aproximação com o PT, mas percebeu que os petistas poderiam tentar lhe tirar do páreo. Rapidamente, voltou-se ao PSDB de Simão Jatene,candidato ao governo, e sugeriu aos tucanos lançarem apenas o senador Flexa Ribeiro como postulante a uma das vagas ao Senado. Assim, os peemedebistas votam em Jader e em Flexa e os tucanos fazem a mesma coisa, de forma a tirar espaço do petista Paulo Rocha, que fez uma dobradinha com o PCdoB. Falta combinar com a Justiça Eleitoral, onde Rocha e Barbalho correm o risco de ser enquadrados na Lei da Ficha Limpa porque renunciaram a mandatos no passado. Barbalho largou o Senado em 2001 e Rocha deixou a Câmara em 2005, na época do escândalo do mensalão.

No Maranhão, onde o PT foi forçado a fechar a aliança com a governadora Roseana Sarney na última hora, o PMDB agiu rápido. Antes que os petistas exigissem uma das vagas ao Senado, os dois nomes já estavam indicados e aprovados em convenção - o senador Edison Lobão, que concorre à reeleição, e o ex-senador João Alberto, ambos peemedebistas. Na Paraíba, o partido fez a mesma coisa. Lançou dois nomes ao Senado - Vital do Rego Filho e Wilson Santiago - e quer eleger pelo menos um.

Projeções - O PMDB lançou 23 candidatos a senador. O PT, 18. "As projeções indicam que o PMDB tem tudo para continuar com a maior bancada", diz o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), que, pela primeira vez, está um pouco apreensivo em relação ao seu futuro. Tanto é que buscou abrigo na campanha pela reeleição do governador tucano José de Anchieta Júnior e faz dobradinha com Marluce Pinto (PSDB), viúva do ex-governador Ottomar Pinto, candidata ao Senado. O PT lançou a deputada Ângela Portela na corrida pelo Senado na coligação que tem o deputado Neudo Campos (PP) como candidato a governador.

Desconfiado - A participação do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) no comício da petista Dilma Rousseff (PT), na Candelária, no Rio de Janeiro, deixou o PMDB ainda mais desconfiado das intenções dos petistas em suplantá-los no Senado. Candidato à reeleição, Crivella declarou que estava lá a convite do PT, inclusive de seu adversário Lindberg Farias (PT). Para alguns do PMDB, ficou a clara sensação de que o PT não deseja ajudar na eleição de Jorge Picciani. Os petistas, entretanto, alegaram que o convite foi no sentido de mostrar que o projeto nacional engloba outras forças políticas no estado que também apoiam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a candidata dele à Presidência, Dilma Rousseff.

O PT espera ainda contar com um empurrãozinho de Lula em outros estados para fechar a conta que pode levar o partido a suplantar o PMDB no Senado. Os petistas querem que o presidente participe da campanha de dois atuais senadores candidatos a governador: Renato Casagrande (PSB), no Espírito Santo, e Alfredo Nascimento (PR), no Amazonas, onde Lula tem uma aprovação acima de 90%. É que, se eleitos, ambos abrem vagas de senador para seus suplentes petistas.

No caso de Renato Casagrande, Lula não terá dificuldades, uma vez que todos os aliados estão unidos num único palanque. Mas, no Amazonas, o PMDB do ex-governador Eduardo Braga, candidato ao Senado, não quer ver Lula ajudando o adversário. Se o presidente apoiar Alfredo e seus candidatos ao Senado, o PMDB ficará ainda mais desconfiado.

Diário de Pernambuco - Denise Rothemburg - 29/08/10

Um comentário:

  1. Não sei nos outros estados, mas aqui no RJ está uma guerra grande entre o PT e o PMDB. Os dois candidatos, Lindberg e Picciani possuem atritos antigos, mas ao fecharem a coligação fizeram acordo de paz que foi quebrado por Picciani ao deixar de fora dos santinhos da campanha a imagem e o nome de Lindberg. Mas sinceramente? Picciani não tem mais chances está dando um tiro no pé atrás do outro.

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