segunda-feira, 10 de maio de 2010

Eleição com gosto de conflito final...


BRUNA SERRA (Folha)


Ao contrário do que a pouca memória dos pernambucanos permite alcançar, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) e o governador Eduardo Campos (PSB) não vão se enfrentar diretamente pela primeira vez nas urnas. O embate já aconteceu 18 anos atrás, quando ambos disputaram a Prefeitura da Cidade do Recife (PCR). Naquela disputa, Eduardo perdeu a cadeira de prefeito para o líder peemedebista por exatos 244.725 mil votos, de um universo de 513.034 votos válidos. Foi o quinto colocado, com apenas 25.605 votos. Jarbas saiu vitorioso com 270.330 votos. Hoje, a situação é diferente. Eduardo tem sua gestão aprovada, recebe apoios de lideranças filiadas a partidos de oposição e faz questão de dizer que tem disposição para ir à luta. Jarbas, por sua vez, demorou a se decidir e reconhece que deverá aparecer atrás, na próxima pesquisa de intenção de votos.
Arquirrival de Eduardo, somente este ano o senador revelou que foi a disputa de 1992 que azedou de uma vez por todas o seu relacionamento político com o ex-governador Miguel Arraes de Alencar, avô do socialista. Jarbas contou que Eduardo Campos gostaria de figurar como seu candidato a vice-prefeito, mas, na ocasião, o peemedebista julgou inoportuno porque já pretendia disputar, mais à frente, a cadeira de governador que pertencia a Arraes.
Irritado com a decisão do até então amigo e aliado, o ex-governador bancou a eleição do neto, lançando-o como seu candidato. O resultado foi a derrota em primeiro turno. Na ocasião, o hoje pré-candidato ao Senado na chapa governista, Humberto Costa (PT), também foi personagem, terminando a disputa como segundo colocado, com 95.937 votos.
Corria o ano de 1998, quando Jarbas partiu para tomar o comando do Estado das mãos de Miguel Arraes. Contra ele, um exército preparado. Nas trincheiras do Palácio, mais de 90 prefeitos, porém o socialista estava com sua gestão desgastada e já não era considerado um favorito, mesmo sendo um clássico. O peemedebista obteve 1.809.792 votos, enquanto Arraes amargou a derrota com 744.280, num universo de 3.809.687 votos válidos. Os vencedores exaltaram a diferença de 1.065.512 votos, que hoje continua atravessada na garganta dos seguidores dos velhos caciques.
Por um desses caprichos do destino, em 2006, Jarbas deixou o Palácio do Campo das Princesas para disputar o Senado. Em seu lugar ficou o então vice-governador Mendonça Filho (DEM), que, apoiado pelo líder da União por Pernambuco, lançou-se à reeleição. Depois de uma disputa acirrada, recheada de temas polêmicos e troca de acusações, o democrata foi derrotado no segundo turno por Eduardo Campos. Mais uma vez, Humberto Costa foi coadjuvante no cenário. Foi graças ao apoio do petista que o governador conquistou maioria esmagadora dos votos. Venceu Mendonça Filho por diferença de 1.233.024 votos -. os válidos somaram 4.671.124.
Agora Pernambuco estará diante do embate final. O pleito de outubro deve coroar o grande vitorioso de uma história caprichosa com seus personagens. Para os aliados oposicionistas, DEM, PMDB, PPS, PSDB e PMN, o cenário é de adversidade. O próprio Jarbas reconheceu, no anúncio da sua pré-candidatura, que o páreo será duro. Prevê, inclusive, que deverá aparecer em desvantagem na próxima pesquisa. No Palácio do Campo das Princesas, a vitória é dada como certa e os aliados do governador não escondem a satisfação de poder imprimir ao peemedebista uma derrota com um gosto especial de revanche. Isso significa mais de um milhão de votos de frente.
Os personagens que orbitam em torno dos candidatos também são antigos conhecidos do povo pernambucano e não arriscam palpite. Sabem apenas que, até outubro, muitas surpresas devem rechear a sucessão estadual.

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