terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Procuradoria recorre ao TSE para cassar senadora do Amazonas

O Ministério Público Eleitoral recorreu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para pedir a cassação da senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM). Pesam contra Vanessa, ex-deputada federal, acusações de abuso de poder econômico, compra de votos e captação e gasto ilícito de recursos no pleito de 2010. Também estão na mira da procuradoria os dois suplentes da comunista --Francisco Garcia Rodrigues e Alzira Ferreira Barros-- e o deputado federal eleito Eron Bezerra, marido da senadora.

O ex-senador Arthur Virgílio (PSDB) atua como assistente da procuradoria em representações contra Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa, eleitos para o Senado no Amazonas. Os vitoriosos integraram a mesma coligação, a Avança Amazonas, que contou com amplo leque de partidos: do DEM ao PC do B (PRB/ PP/ PTB/ PMDB/ PTN/ PSC/ DEM/ PRTB/ PHS/ PMN/ PTC/ PRP/ PC do B). O inconformismo de Virgílio em perder as eleições, segundo Vanessa, levou às acusações --todas negadas.

Em outubro, com 672,9 mil votos, Vanessa foi eleita para a segunda cadeira do Senado pelo Amazonas, após derrotar o candidato à reeleição Arthur Virgílio (PSDB). A diferença entre os dois foi de 28,58 mil votos --0,98% dos válidos. Na ocasião, ela disse que vencera a luta entre Davi e Golias no Amazonas.

ACUSAÇÕES

Segundo a procuradoria, Vanessa e o marido usaram um programa estadual de desenvolvimento sustentável, o Zona Franca Verde, para conseguir votos. No ano passado, o ex-governador Eduardo Braga (PMDB) foi acusado de faturar eleitoralmente em cima do programa --que distribui sementes e implementos agrícolas. A senadora do PC do B também é suspeita de ter a campanha amparada por caixa dois. Algumas despesas eleitorais, de acordo com a procuradoria, não foram declaradas corretamente na prestação de contas.

LIGAÇÕES

A procuradoria ressalta que Eron Bezerra, marido da senadora, era secretário da Sepror (Secretaria de Produção Rural) até 31 de março de 2010, quando deixou o cargo para disputar as eleições. O Idam (instituto de desenvolvimento agropecuário e florestal), ligado à secretaria, teria usado o programa Zona Franca Verde para conquistar votos. No recurso, a procuradoria destaca o depoimento de um eleitor contra a chefe do Idam no município de Novo Remanso (AM): se votasse no casal, ele seria beneficiado com um motor. O Ministério Público Eleitoral avalia que, entre setembro e dezembro de 2010, o instituto promoveu uma grande quantidade de gastos de materiais para doação de implementos agrícolas.

Em 2009, o Idam doou 7.209 motores a gasolina de 5 a 6 cv. Em 2010, ano eleitoral, o valor quase dobrou: até abril, foram distribuídos 12.878, segundo a procuradoria.
Sobre seu marido chefiar a Sepror, Vanessa diz não ver problemas, pois ele saiu da secretaria seis meses antes do pleito, alinhado às determinações da Justiça Eleitoral.

CABOS ELEITORAIS

Outra acusação envolve a empresa A.C Nadaf Neto Assessoria e Comércio Exterior, responsável pelo pagamentos dos cabos eleitorais com cartões bancários do Bradesco na campanha eleitoral. A empresa é investigado pela Polícia Federal como mentora de um suposto esquema de compra de votos para os senadores Braga e Vanessa. A denúncia, do ex-senador derrotado Arthur Virgílio, diz que a empresa distribuiu a cabos eleitorais quantias de até R$ 1.200 em cartões do banco para comprar votos por R$ 50.

OUTRO LADO

A senadora Vanessa diz estar "muito tranquila" em relação ao recurso apresentado ao TSE. Para ela, o ex-rival tucano no pleito de 2010, Arthur Virgílio, não se conformou com a derrota e pressiona as acusações que julga infundadas. "É engraçado. Uma parte [da ação] cita que eu teria sido beneficiada [pelo esquema de compra de votos]. Mas nunca participei de nenhum ato de entrega, nada."
A senadora comunista diz que, "exatamente por saber que essa campanha seria dura, até a moça que limpava o chão do meu comitê que era registrada". Sem citar nomes, afirmou que a mesma precaução não foi tomada por outro candidato.

Da Folha de S. Paulo

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