segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Debate: Serra muda foco e evita confronto direto com Dilma


Em segundo nas pesquisas e enfrentando a perspectiva de uma derrota no primeiro turno, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, mudou sua estratégia e evitou o confronto direto com a líder nas intenções de voto, Dilma Rousseff (PT), no debate da Rede Record, realizado na noite deste domingo (26).

A nova direção do tucano parece ter afetado a petista, que claramente teve um revés em seu desempenho. De nervosa e sem confiança no primeiro debate (TV Bandeirantes), ela melhorou no TV Gazeta/'Folha de S.Paulo', onde a confrontação foi mais firme com Serra. Hoje, sem confronto, ela esteve dispersa e não conseguiu elaborar respostas em nível compatível com o apresentado no debate anterior.

Serra, por sua vez, foi mais atacado, e pelos três candidatos. Sua administração à frente do governo do São Paulo foi bastante questionada no debate. Marina Silva (PV) atacou uma suposta redução dos investimentos sociais no Estado. Dilma questionou o alto número de professores temporários no quadro da Secretaria de Educação paulista e Plínio de Arruda Sampaio (PSol) ironizou o alto índice (30%, segundo ele) de alunos que saem das escolas paulistas sem estarem devidamente alfabetizados.

Em todas as ocasiões, Serra foi extremamente defensivo. O tucano também se mostrou, em várias ocasiões, alheio às réplicas de seus interlocutores. Por vezes, o candidato do PSDB parecia estar discursando ao invés de debatendo. Na ofensiva, ele somente esteve quando foi questionado sobre o 'mensalão' de seu aliado DEM, em Brasília. Ele afirmou que, ao contrário do que o PT fez com o seu 'mensalão', os acusados, entre eles o ex-governador José Roberto Arruda, foram expulsos dos quadros do Democratas.

Quem mais parece ter se beneficiado do não confronto entre Serra e Dilma foi a candidata do PV, Marina Silva. Ela aproveitou a omissão de ambos para fortalecer sua imagem de terceira via e ligar sua candidatura à causa do desenvolvimento sustentável. Mais confiante do que em outras ocasiões, ela mostrou estar 'afiada' para o último e decisivo debate, que ocorrerá na próxima quinta-feira (30), na Rede Globo, que deve ter a maior audiência entre os encontros presidenciais deste tipo.

Em questão de temperatura, o clima só subiu mesmo quando Marina Silva questionou Dilma Rousseff sobre as denúncias de corrupção na Casa Civil, ministério que foi chefiado pela petista durante boa parte do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A candidata do PT defendeu-se, dizendo que a administração atual investigou mais casos de corrupção em detrimento da anterior, de Fernando Henrique Cardoso.

Ante da firmeza de Marina, que não recuou das acusações durante a réplica, Dilma disparou que as acusações de corrupção em seu ministério foram investigadas da mesma forma que as que relacionavam funcionários do Ministério do Meio Ambiente à venda ilegal de madeira, isso durante a gestão da candidata do PV frente à pasta.

Menos confronto não significa mais propostas
Como tem se tornado uma constante nos debates presidenciais, as propostas não tem sido o centro das discussões. Nesta noite, apesar do confronto ter sido mais ameno do que nas ocasiões anteriores, os candidatos avançaram pouco em termos de expor o que pretendem fazer se assumirem a Presidência da República.

Empurrado por uma claque presente ao auditório - e que o aplaudia a cada frase de efeito, Plínio de Arruda Sampaio aproveitou para aprofundar suas propostas, que são bandeiras da extrema-esquerda no País. Ele defendeu o salário mínimo 'necessário' de R$ 2 mil, investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação, calote da dívida pública e a desapropriação de grandes propriedades.

Marina Silva reforçou sua proposta de desenvolvimento sustentável, aliando ecologia ao crescimento econômico e reforçando que estes não são conceitos antagônicos.

Dilma afirmou que pretende usar o modelo energético norueguês (hidreletrecidade, matriz mais limpa e exportação de derivados de petróleo) em concomitância com a exploração do pré-sal. Ela também falou sobre a promessa de construir 2 milhões de moradias com o 'Minha Casa, Minha Vida 2'. A petista também disse que quer trabalhar com os governos estaduais para valorizar o salários dos professores e erradicar o analfabetismo.

Já o tucano José Serra reforçou algumas de suas bandeiras na atual campanha, como o aumento para R$ 600 do salário mínimo no ano que vem, o reajuste de 10% para todas as pensões e aposentadorias, além da expansão do ensino técnico pelo País. (Informações do portal abril.com)

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