sábado, 9 de abril de 2011

TODOS POR PERNAMBUCO


Na manhã seguinte, o documento produzido, já chamado de Nova Carta de Pesqueira, foi debatido em todas as salas temáticas do seminário “Todos por Pernambuco”, realizado pelo governo estadual em Caruaru e que iria colher as prioridades para as cidades do agreste central. O documento foi entregue ao governador Eduardo Campos e aos senadores Humberto Costa e Armando Monteiro.
Na plenária final, no auditório da FAFICA, 18 lideranças das 25 cidades participantes seriam selecionadas para expor ao governador o resultado dos debates. Coube a Augusto Simões a tarefa de encerrar as intervenções, ao ocupar a tribuna para defender as prioridades das cidades de Pesqueira, Alagoinha, Poção e São Bento do Una.

A prefeita Cleide e o ex-prefeito João Eudes não puderam usar da palavra e escutaram de cabeça baixa as reivindicações e denúncias de Augusto, que, no fim, acabou emocionando o governador.
Seguem os principais trechos do discurso:

“Senhor governador, dona Renata, grande companheiro Senador Humberto, grande amigo Senador Armando... Prefeito Zé Queiroz, queria pedir a devida vênia para saudar os nossos anfitriões caruaruenses, que sempre tão bem nos acolhem, nas pessoas dessas duas grandes mulheres, jovens guerreiras, com as quais tive a honra de militar no movimento estudantil da velha faculdade de direito do Recife, Deputada Raquel Lira, Secretária da Criança e da Juventude do Estado de Pernambuco e a Secretária das Mulheres de Caruaru, Louise Caroline, com as quais muito aprendi e, com certeza, tenho ainda tanto mais a aprender.”

“... Nos debates relativos à infra-estrutura, nos chamou a atenção a espiral crescente de exigências impostas pela Caixa Econômica Federal para concessão de moradias populares. Além da burocracia, que nos faz repetir reuniões e mais reuniões com beneficiários já frustrados pelas promessas não cumpridas de governos anteriores, apenas porque faltou um documento, um formulário ou um cadastro. Recentemente a Caixa passou a exigir água encanada, energia elétrica, meio-fio e já-já, ruas calçadas para implementação das chamadas operações coletivas, por exemplo. Não precisamos de condomínio de luxo, precisamos de casas para quem vive em uma tapera taipa. Eu milito nessa área há três anos e atesto o esforço e a competência do corpo técnico da CEHAB, integrado, provavelmente, por alguns dos melhores servidores do estado de Pernambuco, mas, que como nós, se vêem à mercê das tais exigências da Caixa. Governador, confio na sua gestão política para superar esses entraves, porque o povo de Pernambuco não quer saber se o problema é da Caixa, do Governo ou dos políticos, o que o povo quer é a sua moradia digna e erguida.”

“... Senhor Governador, o seu antecessor vendeu a Companhia Energética de Pernambuco a preço de banana, sob o argumento falacioso de que a medida era necessária para a duplicação da BR-232 até Caruaru. Vossa Excelência pode provar que, sem dilapidar o patrimônio dos pernambucanos, é possível dobrar esta duplicação e estendê-la até Arcoverde, beneficiando a população de Belo Jardim, Pesqueira, Arcoverde, as cidades de seu entorno e todo o sertão pernambucano que está à espera desta obra para poder receber os investimentos privados que advirão da acertada decisão política de Vossa Execelência de priorizar a interiorização do desenvolvimento neste seu segundo governo. Não é possível que o novo ciclo industrializante de Pernambuco se restrinja ao pólo de Suape. Os pernambucanos do interior também esperam por sua oportunidade.”


“... No que toca às estradas estaduais de nossa região, precisamos da pavimentação asfáltica da estrada que leva Pesqueira a Mutuca e Mutuca a Brejo da Madre de Deus e Santa Cruz do Capibiribe, porque Mutuca, Governador, é um distrito de Pesqueira que já conta com 24 pequenos fabricos, pequenas indústrias de confecções e cuja produção é escoada por estrada de terra, tanto a Pesqueira, quanto ao pólo de Santa Cruz. O primeiro trecho já sabemos autorizado, mas se conseguirmos o segundo estaremos estabelecendo uma nova rodovia do jeans, que iria apoiar esse arranjo produtivo local e alavancar o desenvolvimento econômico da região. Solicitamos, também, a pavimentação asfáltica da estrada que liga Pesqueira a Papagaio e Papagaio a Capoeiras, além do recapeamento das PE’s que ligam Pesqueira a Venturosa, a Cimbres e a Poção, atualmente em estado de calamidade. O asfalto de Alagoinha ao Distrito de Socorro, reclamo histórico da população da pequena e altaneira Alagoinha, que é um pleito nosso e do Prefeito Maurílio, ao qual fazemos oposição no cenário local, mas nos unimos para a realização deste sonho. Em Socorro deito as minhas raízes maternas, como também o padre Cazuza de Poção, amigo e parente que me antecedeu nesta tribuna, que certamente também sonha com essa estrada...”


“...No que tange ao abastecimento d’água, governador, Pesqueira conta com a proximidade da barragem de Rosas, bem ali, a quinhentos metros, e cujo potencial não é aproveitado por nossa cidade. Veja bem, uma pequena adutora, de orçamento quase irrisório, serviria para atender quase 30% da população urbana pesqueirense, concentrada no populoso bairro do Prado e suas adjacências. Nos enchemos de alegria quando tomamos conhecimento que Pesqueira estaria inclusa no primeiro lote da Adutora do Agreste, esta grandiosa obra que, partindo do eixo leste da transposição do São Francisco, representará um grande passo para a solução do problema d’água na nossa região, mas esperávamos que a esta altura o tal primeiro lote já estivesse concluído, o que ainda não ocorreu. Ficamos a imaginar o quanto esperarão aquelas cidades incluídas no segundo, terceiro e quarto lotes. Governador, sabemos que é uma obra de grande magnitude, muito dispendiosa, quase 1,5 bilhão de reais, mas precisamos de mais celeridade. Trago também uma reivindicação do nosso bravo guerreiro cacique Marquinhos, através do presidente da Associação Indígena Xukuru, nosso amigo Cio, para que se recupere a capacidade de armazenamento das barragens da Peixe e de Ipaneminha, hoje reduzida a menos da metade, graças a um dramático açoreamento.”
“... Governador, me permita acrescentar que a saúde de Pesqueira está a lhe pedir socorro. Se o padre Cazuza disse que os filhos de Poção tem nascido em Vitória de Santo Antão, com os de Pesqueira não é diferente. O Hospital Municipal Dr. Lídio Paraíba, já não conta, sequer, com um serviço de raio-X há mais de um ano, nem mesmo banheiros a emergência possui e aqueles que atendem à população não são médicos e sim estagiários que não podem receitar um medicamento controlado.”


“... Vossa Excelência é um homem de grande coragem e de imensa visão, de uma visão que alcança o que não poderemos alcançar, mas mesmo com ela, com toda sua visão e experiência, talvez nem mesmo Vossa Excelência possa imaginar o que representa, para todos nós, tê-lo aqui em nosso meio. Digo isso porque eu era um menino, de sete anos apenas, quando naquele 15 de março de 1987, acompanhado de meu pai na Praça da República assistia ao seu avô declamar os versos que já declamara na posse do seu primeiro governo, ainda década de sessenta, “tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”, repetindo Drummond. Governador, esta plenária está lotada como estiveram as salas pela manhã, repletas de pessoas que desejam colaborar com o seu governo, aqui o senhor encontra esse mesmo sentimento, o sentimento de todo mundo e muitas mãos que querem lhe ajudar a construir um novo Pernambuco, mais forte, mais pujante, mais altivo e para sempre imortal.

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