domingo, 18 de setembro de 2011

Babel eleitoral na Frente


Com a credencial de ter sido o governador proporcionalmente mais votado do país (82,84% dos votos válidos no estado) e líder de uma ampla aliança formada por 17 partidos, o governador Eduardo Campos (PSB) tem pela frente uma árdua missão em 2012. Terá que administrar dentro de sua própria base uma “confusão” de pré-candidatos a prefeito. Essa lista aumenta a cada dia não apenas no interior, mas principalmente na Região Metropolitana.

Será preciso muito “jogo de cintura” para controlar a avalanche de nomes e evitar desgaste com os caciques das legendas aliadas. Para ser mais exato, o governador precisará mesmo conter os ânimos na Frente Popular para não atrapalhar seus planos nacionais, em 2014. Na Região Metropolitana, a concorrência é tanta que em alguns municípios há dois pré-candidatos de um mesmo partido. O retrato dessa proliferação de eventuais concorrentes é registrado em Abreu e Lima e em Moreno. Na primeira cidade, o ex-prefeito Gerônimo Gadelha e o ex-vereador Namoyr Lima, ambos do PSB, estão no páreo. Em Moreno, é o PT que está com dois nomes na corrida eleitoral. O vereador Ubirajara Paes e o ex-vereador Alfredo Costa estão na briga. Ele terão que enfrentar dentro da base espaço com Adilson Gomes Filho, nome que tem o apoio do governador.

No Recife, o PT também tem um sério conflito a resolver. De uma lado, o prefeito João da Costa (PT) luta para ganhar popularidade e desbancar o ex-prefeito João Paulo (PT). Já em Olinda, representantes do PCdoB, PT e PTC devem se enfrentar. Os comunistas tentarão reeleger o prefeito Renildo Calheiros, mas a deputada Teresa Leitão (PT) e o deputado Ricardo Costa (PTC) também querem concorrer.

Em Paulista, a briga maior gira entre o PT e o PSB. De um lado está o deputado Sérgio Leite (PT) e do outro o vereador Júnior Matuto (PSB), que tem o aval da mãe do governador, a deputada federal Ana Arraes (PSB). Representando o PTB, o ex-prefeito Antônio Speck também deve disputar. Confiante no apoio do Palácio das Princesas, Júnior Matuto acredita que Eduardo Campos não deixará um aliado desamparado. “Confio no apoio dele (Eduardo) pela história que tenho ao seu lado. Está no seu DNA. Nosso projeto não é capricho. Estamos nos viabilizando e discutindo com a base”, disse o vereador.

Sérgio Leite por sua vez espera o máximo de apoio da Frente Popular para se eleger. “É tempo de articular e conversar com todos para fazer um grande projeto visando o desenvolvimento de Paulista. Estamos abertos ao diálogo, inclusive com o PSB”, garantiu. Em sua avaliação, no momento oportuno haverá uma definição mais clara sobre os nomes colocados. “Uns vão continuar na disputa e outros não se manterão como candidatos”, previu.

Para o cientista político da Fundação Joaquim Nabuco, Túlio Velho Barreto, as múltiplas candidaturas da base aliada refletem o sucesso do governo e têm influência direta na disputa eleitoral. “Os candidatos avaliam que sendo da base terão mais chances de se eleger. O problema é que uma aliança muito ampla e há muitos interesses a conciliar”, disse o cientista.

Túlio Barreto acredita que a “dor de cabeça” do governador na próxima campanha será inevitável. “Eduardo terá que administrar diversos interesses locais. Em vários municípios ele será obrigado a apoiar mais de um candidato. Onde a disputa entre aliados estiver acirrada, o mais coerente é ele não participar do processo eleitoral”, afirmou.

O cientista político pondera, no entanto que nas cidades com clima amistoso entre os concorrentes da Frente Popular, o socialista pode participar, mas sem fazer parte de comícios.

Por Claudia Eloi - Diário de Pernambuco

Nenhum comentário:

Postar um comentário

VISITAS

Contador de visitas
Powered by Zaza